domingo, 10 de abril de 2011

    O complexo dos dejetos humanos - resíduos que se putrefazem nas cidades - constitui um problema que lesa no mais alto grau todos aqueles que habitam o Planeta Terra. Com isso, apesar de minha natureza fugitiva, animei-me ao perceber e receber o que é oferecido: a caminhada em direção a admitir que esse complexo desvela a minha própria condição no mundo. Assim, parece certo que estamos aceitando a condenação de vivermos ao preço de um cruel infortúnio público - o lixo social. Lixo este, que se mantém e se multiplica afligindo todos os seres. Deste modo, são claros os indícios de que esses resíduos compõem uma das estruturas mais vigorosas do nosso modelo de desenvolvimento econômico/social. Apesar de todos os esforços feitos frequentemente visando uma mudança, estamos legitimando um "modo de estar no mundo". Definitivamente, essa ordem social vigente - “modus vivendis” capitalista – é uma forma monótona e estéril que nos acomodou a produzir o delicioso lixo de cada dia.

    Entretanto, vivemos em um tempo histórico em que é imprescindível atentar para a necessidade de engajarmos nossos esforços a fim de transformar essa crise depressiva generalizada em uma crise criativa, propulsora de uma mudança nesse "estar no mundo". Possibilidades existem e muitas já estão sendo realizadas. Agora o que precisamos é reunir nossas forças para disseminar estas potências no mundo. Por conseguinte, fazer destas o cotidiano do nosso estar em vida.

    A Folha Seca é uma oblação. O que é isso? É uma oferenda do fundo fétido da podridão da cidade transmutado em amor. O Manifesto da Folha Seca propõe que façamos as pazes com o feio ao reinventar/redescobrir o amor a partir multiplicação/compartilhamento dos desejos e das potências em desenvolvê-los. É a percepção tetradimensional de si e dos outros, a compreensão de estar contido no universo junto com tudo que é abandonado ou deixado para trás. É o ato de ressignificar os dejetos, os detritos, aquilo que é desprezado e esquecido num  movimento de devolução, de reavivamento da sociedade. De um excremento brota o alimento e de uma folha seca uma manifestação de um profundo respeito a tudo que existe no universo. A celebração da diferença!




Ordem Urbana?



Ordem Urbana? from Leonardo Holanda on Vimeo.









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